Sonhos de uma noite de verão

Sonhos de uma noite de verão é um filme antigo de William Shakespeare, versa sobre 4 jovens que encontram-se e desencontram-se, numa noite de verão, num bosque. A partir daí, como se diz na linguagem de hoje, todos "ficam" entre si, e termina com um casamento triplo, pois casam-se e também o Duque de Atenas com a Rainha das amazonas. Ação e movimentação, paixões e casamentos, brigas e reconciliações, equívocos e finais felizes.

Qual o problema da taxa de juros subir se a economia americana melhorar? Nenhum, pois é natural que isto aconteça. Se uma economia em crescimento é função da expansão dos lucros, o que há de errado no gráfico abaixo?


O nível atual de lucro, como porcentagem do PIB, está nos recordes. Isto é interessante porque os resultados das empresas deveria ser um reflexo de uma economia robusta. Entretanto, recentemente, em consequência da engenharia financeira, supressão de empregos e aumento da produtividade, os lucros corporativos desviaram muito desta lógica. Muito destes resultados vieram dos planos de recompra de ações e corte de custos. Acontece que estas recompras, assim como o aumento de dividendos, foram financiados por estes juros baixos, se estes últimos subirem, não será mais uma opção.

O argumento do excesso de caixa das empresas é verdadeiro, em parte, uma vez que o total de ativos líquidos como percentagem do total de ativos está próximo dos níveis recordes. Entretanto as empresas alavancaram seus balanços por causa dos juros baratos.


Com este cenário, a consequência de uma elevação nas taxas de juros terá um impacto significativo no resultado das empresas, crescimento econômico e retorno de ativos financeiros, maior do que se está imaginando. Para justificar esta conclusão, uma visão histórica das ações do FED pode nos dar uma ideia dos resultados futuros. O gráfico a seguir mostra as taxas dos fed funds comparadas com o PIB.


O que é interessante, é que pode-se levantar uma hipótese que as ações de política monetária são potencialmente cúmplices, em ambos, na expansão e queda. Historicamente, quando o FED iniciou um ciclo de alta de juros a economia se desacelerou, ou pior, subsequentemente, ele teve que reverter suas políticas para restartar o crescimento. Além disso, estas expansões do PIB nunca excederam os picos anteriores. Assim, durante os últimos 35 anos, a economia se encontra em continuado declínio.

O mercado embutiu nas taxas de juros, as evidencias captadas nesta última reunião do FED, uma projeção de elevação constante dos fed funds, até o final de 2016, quando estacionaria na casa dos 4%. Tudo isso parece lógico, afinal com 2% a.a. de crescimento e uma inflação de 2%, o livro texto aponta para estes juros. Como no filme sonhos de uma noite de verão, muita coisa vai acontecer, brigas e reconciliações, um sonho. Imagino que nem o FED tem ideia do como estaremos daqui a 6 meses, o que dirá daqui a 3 anos, muita água vai rolar.

Um breve comentário sobre o real. Falem a verdade existem motivos de sobra para que o dólar estivesse subindo, não acha? Só para elencar alguns: As últimas do FED; as más notícias da inflação, a Standard and Poors com dedo no gatilho para rebaixar o Brasil e etc... e o que aconteceu com o dólar? Vem caindo devagar. Comentei inúmeras vezes sobre o porquê desta reação, aparentemente, ilógica, assim recomendo a leitura do post confusão-patrimonial.

Este é o desenrolar no curto prazo, parece que os níveis que apontei naquele post se tornam mais factíveis ...Três possibilidades, a primeira uma queda até o nível de R$ 2,25 (1), a segunda R$ 2,15 (2), que me parece a mais provável, e por último R$ 2,00/R$ 1,90 ... Sem grandes comemorações, pois se acontecer, o movimento será a duras penas!

O SP500 fechou a 1.866, com queda de 0,29%; o USDBRL a R$ 2,3237, com queda de 0,14%; o EURUSD a 1,3791, com alta de 0,10%; e o ouro a US$ 1.333, com alta de 0,38%.
Fique ligado!

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