Aposta contra as evidências

Eu já comentei uma situação passada vivida na Linear, quando nosso analista acreditava tanto numa empresa que num determinado instante fez a seguinte declaração, "sou capaz de apostar o que não devo que esta empresa vai dar lucro". Não sou preconceituoso, afinal quem sou eu para dizer o que é bom ou ruim para uma pessoa, mas neste caso, como o analista era gay, a sua afirmação dava dupla interpretação, foi bem engraçado.

O Deutsche Bank está super otimista em relação aos USA, a cada anuncio de um dado econômico que não é positivo, sempre tem uma justificativa. Sua última publicação é relativa as perspectivas para a inflação americana, e tem um título sugestivo: ...US inflation: About to turn the corner.... Não esqueçam que a Yellen já reforçou que se não houver uma tendencia de reversão da inflação, nem pensar em subir os juros. Sem entrar muito em detalhes, a principal razão de sua projeção é que, ao se fazer uma separação entre a inflação de bens e serviços, esta última tem se mostrado bastante estável, enquanto a primeira vem apresentando quedas, nos dois índices de interesse o PCE e CPI.

... As economic activity remains above trend in the next year, economic and labor market slack shoud decline,and moderately rising wage pressures along with stable and more elevated inflation expectations shoud exert upward pressure on inflation... Pronto, é só uma questão de tempo, e combinar com os consumidores americanos para que voltem a farra do consumo, pois o desemprego vai melhorar, eles apostam.

Do outro lado vejamos os últimos dados do CPI publicados ontem, e que ainda não mostra o menor sinal de melhora, no máximo uma estabilidade.


Existem outros grupos de analistas que alertam para o risco de estarmos beirando a deflação e que se o FED resolver apertar mais os cintos, poderá desencadear uma situação extremamente perigosa, seus argumentos são: Queda do Yen e da maioria das moedas dos países emergentes, fraco crescimento dos países emergentes, contração dos empréstimos na maioria dos países da eurozona, etc... estes fatores estão criando uma pressão deflacionária. Para provar sua teoria, apontam para a evolução dos preços ao produtor, dos 2 maiores exportadores do mundo, a China e Alemanha.

Hoje será anunciado o resultado da reunião do FED com a tão esperada estreia da Yellen, como a comandante do mais poderoso Banco Central, vou fazer um comentário ao final do post. O FED, nos últimos anos, vem complicando a vida do mercado, com explicações cada vez mais longas, será que o mundo está mais complicado ou as pessoas assim o enxergam?


Como o analista da Linear, os economistas do Deutsche Bank estão apostando em várias frentes, e se não der certo, o que está em jogo são somente seus empregos! Hahahahah....

O FED anunciou o resultado de sua reunião, nada de muito diferente do que era esperado, mas alguns pontos merecem destaque: Primeiro eles compraram o argumento que foi o mal tempo que influenciou os últimos dados piores, segundo que a economia está no caminho de continuar melhorando e por último a maioria dos membros projeta que as taxas de juros estarão em 1% a.a., ao final de 2015, e 2,25% ao final de 2016. Tudo isso animou o mercado, a continuar com suas apostas anteriores, dólar e juros para cima embora a bolsa ficasse indecisa.

Na secção de perguntas e respostas a Yellen se saiu muito bem, respondendo as perguntas de modo claro e didático, acho que os investidores vão gostar, passou bem no primeiro teste. Outro fator que pode ter alguma influencia daqui em diante é que 3 membros do comitê são novos, alterando o equilíbrio anterior.

O ouro caiu aos níveis que indiquei no post o-bc-chines-puxa-o-tapete, a US$ 1.330, o stop encontra-se a US$ 1.310.

O SP500 fechou a 1.860, co queda de 0,61%; o USDBRL a R$ 2,3470, com alta de 0,56%; o EURUSD a 1,3828, com queda de 0,76%; e o ouro a U$ 1.329, com queda de 1,95%.
Fique ligado!

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