Abandonando o barco

O mundo das finanças é uma guerra, o principal motivo, é que é um jogo de soma zero, ou seja, para alguém ganhar um outro tem que perder. Não tem acordos, nem benevolência, enganos podem custar caro. Aprendi que os acertos e erros precisam análises baseadas em fatos, não em pensamentos. Antes de revelar, segundo meu entendimento, qual foi a razão da queda do dólar, vou contar uma situação vivida por 2 titãs no segmento mais sofisticado da área de investimentos, os hedge funds.

Antes do estouro da bolha da internet, em março de 2000, de um lado estava George Soros e seu fundo Quantum, e do outro lado Julian Roberts com o Tiger Fund, feras! Muito bem, Soros acreditava que a alta da bolsa de valores tinha mais mais folego e por isso, mantinha uma posição comprada em ações do NASDAQ. Do outro lado Roberts, acreditava que os múltiplos das ações de tecnologia eram absurdos, e que em algum momento o NASDAQ iria cair, era uma bolha, assim mantinha uma posição vendida nestas ações.

O que aconteceu? Ambos perderam muito dinheiro! Roberts porque montou sua posição com muita antecedência e acabou jogando a toalha em fevereiro de 2000, um mês antes da queda, enquanto Soros estava confortavelmente no positivo, mas depois da queda violenta de março, teve que liquidar sua posição em abril do mesmo ano, para não fechar seu fundo. Esta situação merece uma reflexão, pois como pode Julian Roberts perder mesmo estando certo? E Soros, por que continuou comprado quando o risco era muito elevado?

Antes de revelar quem vendeu dólares, gostaria de fazer 2 observações: Primeiro a capa da revista Veja, desta semana, aponta que o fato da bolsa ter subido, foi ocasionado pela queda da Dilma. Não se deixem enganar, esta lógica encaixa muito bem em seus objetivos de mostrar como o governo é ruim para o Brasil; e segundo, uma empresa que elabora e vende análises de ações, começou a dar palpites na área macroeconômica. Assim, vinham sustentando uma expressiva alta do dólar, baseado nos erros do governo. Mas o que eu considerei pior, foi confirmar seu call, baseado na posição tomada por um excelente gestor: ... "Se o Luis Stulberger está comprado em dólares, ele sabe o que faz" ... Ora, então para que se deveria pagar os serviços desta empresa? Vou direto ao fundo! Era melhor que esta empresa limitasse a fornecer suas opiniões em ações, que já é muito difícil, pois a forma que sugere comprar ou vender dólares, é um mero palpite!

- David, seja mais objetivo, quem originou a venda?
Os estrangeiros abandonaram o barco! Enquanto que, localmente ficava-se discutindo, as mazelas do governo, trapalhadas do Ministro, rebaixamento pela Standard em Poors, elevação da inflação, os hedge funds reduziram á metade suas posições compradas em dólar, veja a seguir o gráfico produzido pelo Deutsche Bank.
Embora as notícias nos últimos tempos tenham sido bem ruins, existem dois fatores que provavelmente ocasionaram esta diminuição significativa: A elevada posição de reservas do Brasil, que em nenhum momento diminuiu e o processo de elevação de juros por parte do Banco Central. Assim, enquanto os trombeteiros por aqui ficavam jogando m##da no ventilador, os estrangeiros aproveitaram para realizar seus lucros, na "moita", e contra o fluxo não têm argumentos.

Muito bem, depois de tudo isso, o que esperar do dólar? Fiz minha lição de casa neste final semana e minhas conclusões são as seguintes: Numa visão mais de longo prazo, para daqui a 2 a 3 anos, e como já havia mencionado em posts anteriores, não dá para concluir nada! Poderá buscar uma nova mínima dos últimos anos abaixo de R$ 1,55 ou novas máximas acima de R$ 4,00, como bem diz um leitor: ... "estas previsões seriam melhor para um blog de nome: Acertar no elefante!"... Hahahahah... Então vamos esquecer por enquanto o longo prazo, e focar mais no curto e médio prazo, ai fica mais claro e valem ainda os parâmetros que eu defini no post onde-está-wally.

Neste gráfico semanal apontei 3 hipóteses consistentes com o que já havia publicado, em azul representa uma hipótese compatível com as anotações também em azul, durante a alta das cotações de R$ 1,55 a R$ 2,45, assim seria aconselhável uma compra entre R$ 2,00/R$ 2,10. Quero frisar também  que, R$ 2,22 é um ponto de observação, pois a alta poderia começar daí, é pouco provável. Já, se considerar as anotações em vermelho, o ponto de compra seria entre R$ 1,88/R$2,00, e por último abaixo de R$1,88 é necessário uma reavaliação.

Poderia citar vários argumentos que podem originar estas novas altas, por exemplo, o BC ao ver as cotações caírem, inicie uma diminuição em suas vendas diárias, o dólar começar a se fortalecer no exterior contra as moedas dos emergentes, mas tudo isso é um wishfull thinking, vamos continuar neste jogo, e no momento não aconselho compras de dólar.


Hoje faz 50 anos que os militares consumaram um golpe contra o Presidente Jango Goulart e a democracia. Eu me lembro deste dia, afinal vocês não imaginavam que eu tivesse 30 anos! Hahahah..., era um garoto e vi meus país comentarem, bem baixinho, sobre este assunto, confesso que fiquei com medo e olhava pela janela para ver se havia tiros ou bombas. Não ter democracia é ruim, mas partir para uma desordem, não é nada bom.

O SP500 fechou a 1.872, com alta de 0,79%; o USDBRL a R$ 2,2269, com alta de 0,26%; o EURUSD a 1,3777, com alta de 0,18%; e o ouro a US$ 1.283, com baixa de 0,76%.
Fique ligado!

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