Agora a bola está nos pés do mercado.

Pergunte ao Atlético Mineiro qual a sensação de ter que jogar uma partida, com um adversário supostamente inferior, e ter que ganhar. Deu no que deu, perdeu para um time desconhecido do Marrocos e foi eliminado da tão esperada final com o Bayer de Munique. O Raja Casablanca teve seus méritos, mas qualquer análise individual dos jogadores desta partida não indicariam este resultado. Ao marcar o segundo gol no final do jogo, a comemoração dos jogadores adversários já dizia tudo, ao invés da dancinha introduzida pela equipe jovem do Santos (que saudades!), fizeram uma reverência ao Islamismo, religião predominante naquele país, ou seja, um "obrigado" pelo milagre!


Esta introdução é um paralelo que faço em relação à decisão do FED ontem, ao iniciar a retirada dos estímulos monetários. Vejamos porque:

  • Algum dia teria que acontecer e aplicando-se os pensamentos de Maquiavel, "Se tiver que fazer o mal, faça-o de uma vez", esta dúvida acabou. Seria um martírio ficar na especulação em cada reunião, se seria nesta ou na próxima, além da frustração caso fosse postergada; 
  • Como eu já havia comentado, é consenso entre os analistas que a economia americana já está num processo de melhoria, e esperam-se resultados melhores para o futuro. Observando-se os detalhes, que vou expor mais abaixo, o FED não está tão convencido, mas se o mercado está, porque lutar contra? Daqui em diante o mercado vai ter que provar que estava certo, só assim o FED continuará retirando os estímulos.
Fiz uma avaliação dos argumentos contidos no comunicado, bem como nas repostas dadas por Bernanke na secção de perguntas e respostas, fica claro para mim que o maior risco que o FED vê no momento é em relação a inflação ...  "it likely will be appropriate to maintain the current target range for the federal funds rate well past the time that the unemployment rate declines below 6-1/2 percent, especially if projected inflation continues to run below the Committee's 2 percent longer-run goal." .... Ou seja, enquanto a inflação não subir para os patamares considerados adequados pelo FED, nem pense em subir os juros, mesmo que a taxa de desemprego caia abaixo do nível estabelecido de 6,5%.

Mesmo em relação a taxa de desemprego, ao ser arguido do porque o FED não estabelecia um novo patamar mais baixo dando uma melhor visibilidade ao mercado, Bernanke respondeu que a taxa de desemprego é o parâmetro mais importante de análise, mas não é o único, pois as mudanças que vem acontecendo na participation rate devem ser consideradas, ou seja, a conclusão não pode ser tão booleana (para quem não sabe a álgebra booleana é aquela utilizada na programação dos computadores, onde os números são 0 ou 1).

Através da atualização de suas projeções dos principais índices econômicos,  pode-se avaliar quais são as ideias.


Na primeira tabela encontra-se o intervalo que a autoridade monetária espera para o PIB, embora a alteração para 2014 tenha sido mínima, veja como ela foi decrescendo a cada atualização, assim será que o FED está tão otimista como mercado neste quesito? Já na taxa de desemprego, aí sim pode-se notar uma constante melhora no tempo, uma vez que os dados corroboram isto. E por último em relação a inflação, notem que somente em 2016 existe uma confiança maior em se atingir o nível buscado de 2%, assim, se estas previsões se confirmarem, só seria esperado o início do ciclo de alta dos juros, daqui a longos 3 anos.

É bem verdade que aqui cabe a famosa frase do Garrincha, "só falta combinar com os Russos", muita água vai rolar até lá, mas a grande mudança que acontece, a partir de hoje, é que só haverá mais cortes de pilotos se a economia continuar a melhorar, se engasgar, o FED se dá o direito de voltar atrás. A bola está nos pés do mercado, têm que ganhar o jogo e o adversário não é o Raja Casablanca, mas o consumidor americano.

- David, legal boa análise, mas como você mesmo diz é para comprar ou para vender?
Bem, só para lembrar, hoje é o último post regular do mosca, estou entrando no período de férias, daqui em diante só em caráter excepcional irei escrever, senão volto dia 15/01. Eu analisei os mercados que cubro, o SP500, USDBRL, EURUSD e o Ouro e só consegui deixar minhas recomendações no ouro, que hoje entrou no primeiro intervalo de compra sugerido no post bernanke-noel. Vou acompanhar e informo o stoploss em breve, por enquanto deixem a US$ 1.050, caso o metal derreta literalmente! Hahahah....Se acontecer não vai ser nada engraçado...

Em relação aos outros, ainda não tenho nada a comentar das perspectivas para 2014, muitas alternativas técnicas que só vão ficar mais claras com o passar do tempo, em todo caso, é exatamente nesta dúvida que o mercado se encontra, entre apostar que agora vai e comprar ativos americanos (bolsa, dólar e juros subindo) ou os helicópteros continuam por muito tempo, o que teria um impacto incerto na bolsa, mas o dólar e os juros seriam para baixo.

Só para terminar o ano, parece que o EURUSD está numa encruzilhada tentando romper o nível de 1,38, se conseguir, prepararem-se para ver a moeda única entre 1,43/1,45, caso contrário vou monitorar para avaliar se a última alta já aconteceu e estaria indo rumo aos 1,10, veja comentários no post 50000. Parece que o Euro está surfando sobre a reta anotada abaixo, será que o Super Mário, que há muito tempo está fora dos holofotes é um bom surfista? Hahahah....

O SP500 fechou a 1.809, sem variação; o USDBRL a R$ 2,3530, com alta de 1,16%; o EURUSD a 1,3657, com 0,17% de queda; o ouro a US$ 1.189, com queda de 2,35%.
Boas Festas e Feliz Ano Novo
Fique ligado!

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