Show me the money

Nesta época do ano começam a ser publicadas as previsões para o ano seguinte. Eu sou cético em acreditar que só porque o ano novo vai chegar tudo fica uma maravilha, mas também entendo que as pessoas ficam mais esperançosas, e assim aumentam seu gastos neste período, logo em seguida vem a realidade.

Ontem participei do evento realizado pelo Banco BTG, onde estiveram presentes o economista Pérsio Arida e o seu CEO e acionista, André Esteves. O primeiro comentou sobre o cenário externo dividindo o globo em 4 áreas de interesse a saber: USA; Europa; China e Japão. Ele está otimista principalmente nos USA, onde acredita que os principais problemas foram equacionados, entretanto fez uma ressalva quanto a normalização da política monetária, que na sua visão será mais tarde e mais forte.

Já o segundo fez uma análise da situação brasileira, onde partilha da piora nos últimos 18 meses, porém acredita que não seja tão ruim como o mercado faz crer, argumenta que o governo já está reagindo com a postura do BC em relação à política monetária, no quesito déficit público relativizou os últimos dados. É esperado que nenhuma grande mudança seja efetivada em 2014, ficando para o próximo governo os ajustes necessários. Em sua opinião o grande problema é o baixo crescimento que vivemos nos últimos anos, e que na sua visão um dos fatores principais foi a indexação do reajuste do salário mínimo à inflação acrescida do PIB do ano anterior, ocasionando uma elevação dos custos, sem que houvesse um incremento da produtividade.

Eu tendo a concordar com o André, pois não vejo a situação no Brasil tão ruim como os mercados estão pintando, isto não significa que não temos inúmeros problemas, e esta visão é dependente do cenário traçado por seu colega Pérsio Arida onde não sou tão otimista, vamos ver.

O tema de hoje é variado, vou iniciar com os argumentos de alguns analistas que estão otimistas com os USA, semelhantes portanto a visão do Pérsio.
  • A recuperação do mercado imobiliário deve continuar.
  • O americano atualmente está numa condição bem melhor (alta das bolsas, recuperação dos preços dos imóveis).
  • A austeridade do governo federal e estadual terminou.
  • A situação demográfica é melhor no futuro.
No mercado, se um investidor argumenta ferozmente sobre uma posição, porém seus ouvintes não estão muito convencidos, é comum um deles usar a expressão show me the money , para provocá-lo, assim se ele acredita tanto, porque não existem tantas apostas?

Para questionar este cenário otimista, a seguir vejam o gráfico da disponibilidade de rendimento líquido desde o ano 2.000, nos USA.


Notem que, do ponto de vista nominal, tem uma trajetória crescente, porém em termos reais se encontram estagnadas desde de 2.008. Uma outra forma de aumentar o consumo, seria através da utilização de suas poupanças, porém notem como elas estão evoluindo.

É difícil imaginar que os americanos iriam consumir suas poupanças, para elevar seu consumo. Depois do susto de 2008 e com o mercado de trabalho com melhoras questionáveis, não devem mexer em suas economias pois se estão baixas.

E por último, veja como foi distribuída esta renda de acordo o perfil de ganhos da sociedade. É notório que o grande poder da economia americana era sua classe média que está sendo eliminada. Como 70% do PIB é atrelado ao consumo, a economia só poderia crescer mais vigorosamente por meio de credito, será que é uma boa aposta?


As bolsas americanas estão atingindo novas máximas, motivadas pelos últimos dados publicados, a ilustração a seguir mostra que se encontram em pontos muito importante do ponto de vista técnico, são extremos que se ultrapassados, podem vislumbrar novas altas no futuro.


Se estes rompimentos acontecerem de um forma consistente, será que  a onda C que eu estou aguardando a tanto tempo, vai ter que esperar a D,E,F......X? Hahahahah....

Resolvi atualizar meu painel que contém as moedas dos países emergentes, e não gostei do que eu vi.


Com exceção do dólar australiano e neo-zelandês, todas estão se aproximando das mínimas dos últimos meses, sendo que a mais vulnerável é o rand sul africano. Como comentou André Esteves, a flutuação do real vai seguir a mesma direção de seus pares, ou seja não é esperado que o real se valorize quando as outras moedas emergentes se desvalorize. Assim nosso trade de USDBRL pode-se complicar, se este movimento continuar, em todo caso o stop é pequeno.

Falando em stop hoje foi a vez do ouro ser stopado a nível de US$ 1.280, eu já estava desconfiado, razão de eu não ter mudado no final de semana não-compre-gato-por-lebre .... Em relação aos mercados, como eu havia mencionado na sexta-feira, acabei não alterando o stop no trade de ouro, para dizer a verdade a evolução do metal  foi muito ruim e a chance de ser executado é elevada.... A perda foi de 2,34%. Que fase!

O SP500 fechou a 1.767, com queda de 0,24%; o USDBRL a R$ 2,3330, com alta de 0,13%; o EURUSD a 1,3435, com alta de 0,22%; e o ouro a US$ 1.267, com queda de 1,20%.
Fique ligado!

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