Quando ter inflação é bom

- David, desculpa, mas depois desta chamada vou abandonar o mosca! Você mostrou que ainda continua contaminado pelos benefícios da inflação, para quem está no mercado financeiro.
Calma, não se antecipe, vamos fazer o seguinte, leia o post primeiro e depois você decide, talvez tenha algo novo.

Depois deste começo polêmico, vou expor hoje mais um cenário de um economista que considero brilhante, Andy Xie, com uma visão sempre provocativa e controversa, vou comentar alguns pontos de seu mais recente artigo "Caminhando em direção a um penhasco": 

... O mercado mais recentemente aumentou as chances do FED iniciar um aperto monetário, isto poderá desencadear alguma desalavancagem, que por sua vez vai desaquecer a economia. O FED será forçado a postergar novamente....

.... Os vários QE implementados pelo FED causaram uma bolha de liquidez gigante na economia global, especialmente nas economias emergentes e nos ativos financeiros... Assim um aperto real do FED vai estourar a bolha e detonar uma outra recessão....

.... Só a inflação vai forçar o FED a agir. A inflação atualmente está principalmente nas economias emergentes. Nos USA o sistema financeiro está disfuncional, acarretando numa diminuição da velocidade da moeda, o que está atrasando a inflação, mas é uma questão de tempo que esta poderá surgir no preço dos produtos importados e expectativas...

.... Como a economia é sensível ao aperto do FED, seu ritmo será lento, mesmo quando forçado pela inflação, isto significa que ficará alta e por muito tempo.... A inflação americana irá estourar as bolhas nos mercados emergentes, a exemplo do que aconteceu na década de 80, eles terão de escolher entre desvalorização ou deflação....

Eu estou anexando o link, caso vocês queiram ler o artigo na integra heading-toward-a-cliff, a sua ídeia básica é que os USA caminham para uma estagflação, um cenário não muito agradável, mas de longe menos pior que uma deflação. Eu já comentei no passado que a situação de uma empresa é muito diferente de um país, por exemplo temos o caso recente do "X-salada" provocada pelo empresário Eike Batista, neste caso os credores perderam diretamente com suas ações e títulos que valem pennies do que valiam, já o caso de um país é diferente, mas o efeito de perda é o mesmo.

Uma maneira clássica de imputar uma perda aos credores, quando uma dívida se torna impagável, é através da inflação, pois se você tem uma dívida emitida com taxas pré-fixadas, a por exemplo 2% a.a., e a inflação é de 5% a.a., existe uma transferência de 3% a.a.do credor para o devedor. Um menu mais picante inclui também um alongamento compulsório a la Argentina, a fim de garantir a solvência e uma pitada de desvalorização da moeda, e pronto, basta levar ao forno! Hahahah.....

Por que este modelo não é tão ruim? Porque a perda fica diluída no tempo sem o trauma que um calote generalizado acarretaria, o grande risco é a inflação virar uma hiperinflação, aí o calote é inevitável e à vista. Como já dizia o General Charles de Gaulle, o difícil é escolher a melhor alternativa entre duas alternativas ruins, que são a inflação e a deflação. Qual você optaria?

- David você me convenceu, vou continuar no mosca! Hahahah....

Na reunião do ECB hoje, e de uma forma inesperada na maioria das previsões, cortou-se a taxa de juros de 0,50 % a.a., para 0,25% a.a. Isto faz alguma grande diferença? Do ponto de vista financeiro nenhuma, uma vez que as taxas praticadas já estão próximas de zero, mas do ponto de vista de perspectivas, muito, haja visto que a recuperação que o mercado estava imaginando se materializar, será altamente questionada, e assim os cenários mais tenebrosos vão voltar a tona.

As cotações do euro levaram um tombo, atingindo queda superior a 1,30%, no post o-super-beny-esta-estressado, eu decidi aguardar, pois ainda não estava convencido que o movimento de baixa de longo prazo havia começado. Mas a trajetória destes últimos dias, fez com que aumentasse consideravelmente esta hipótese, foi por esta razão que frisei ... Mesmo assim não me meto a comprar o EURUSD para tentar dar um "belisco" afinal, como já mencionei, nosso envolvimento vai ser na venda... Veja no gráfico abaixo os motivos pelos quais eu tinha decidido não vender, pelo menos por enquanto.


Quando o euro chegou a 1,38, apontada no gráfico como 1, atingiu tecnicamente um dos objetivos, vamos dizer assim com uma nota 6, mas a região apontada como 2 seria com uma nota 10. Mas com nota 6, não se repete de ano, nestes momentos o melhor é ficar zerado.

Como comentei no post acima, somente abaixo de 1,28 minha convicção de uma queda mais expressiva se eleva, até lá pode ser mais uma das armadilhas do euro, isto não significa que vou ficar parado, mas antes que qualquer trade seja proposto, temos que esperar que esta queda iniciada a partir de 1,38 estanque, e acredito que pode ser ao redor de 1,315, até lá, regarder!

O SP500 fechou a 1.747, com queda de 1,32%; o USDBRL a R$ 2,3050, com alta de 0,90%; o EURUSD a 1,3417, com queda de 0,70%; e o ouro a US$ 1.306, com baixa de 0,90%. Amanhã é dia de anuncio da taxa de desemprego, e o mercado já espera um número ruim, ao redor de 120/130.000 novas vagas, let´s see
Fique ligado!

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