Ações 101

Existem vários modelos para estimar o preço "correto" de uma ação, porém o mais utilizado é o P/L, ou seja, o preço dividido por seus lucros. Conceitualmente este índice indica quantos anos são necessários para você recuperar seu investimento com os lucros gerados. Agora, qual o P/L justo é outra história, alguns fatores influenciam este parâmetro: 1) O nível de juros de longo prazo, quanto mais elevado menor deve ser o P/L; 2) A projeção de lucros para a Companhia; 3) A economia irá crescer o esperado?

Como pode-se imaginar, o cálculo é simples porém se vai performar do jeito projetado depende de muitas variáveis, mas o mercado acredita piamente neste índice e cada vez que são publicados os resultados, o preço da ação se ajusta imediatamente com estas novas informações.

Os analistas de Wall Street sempre tem uma visão "otimista" quando projetam os lucros futuros, e quase sempre não se concretizam. No gráfico abaixo, considerou-se as projeções em algumas datas da soma de todos os lucros por ação das companhias do SP500, as barras são as diferenças entre elas.


É fácil de entender a falha em usar estimativas futuras como uma ferramenta de avaliação. O uso de lucros futuros só é benéfico para os analistas de Wall Street, que precisão criar uma história de "resultados futuros" quando eles realmente não existem. Mesmo assim os lucros efetivos cresceram de $ 99.28 para $ 102.20, do 3º trimestre de 2012 para 3º trimestre de 2013, respectivamente, ou seja 2,9%.

Acontece que vários motivos justificaram esta elevação, uma vez que as vendas não tiveram a mesma evolução, então como foi isso possível? Veja inicialmente a disparidade entre estas 2 variáveis.


Os responsáveis pelo aumento de lucratividade, mesmo com um baixo crescimento das receitas, podem ser classificados em quatro: redução dos salários, elevação da produtividade, eliminação de empregos e recompra de ações. O problema é que cada uma dessas atitudes criam uma ilusão dos resultados corporativos, mas mascaram a fraqueza do ambiente econômico geral. A seguir pode-se verificar como a quantidade de ações existentes no mercado vem decrescendo e o impacto que os lucros teriam sem estas recompras.


A realidade é que as recompras criam uma ilusão de lucratividade. Se uma companhia ganha $ 0.90 por ação e tem um milhão de ações no mercado,  em reduzindo esta quantidade para 900.000, vai elevar o lucro por ação para $ 1.00. Nenhuma venda adicional foi criada, nenhum produto a mais foi vendido, é só uma mágica contábil. Esta ação não melhora o crescimento econômico ou gera riqueza para o acionista, mas mantém a base para deixar Wall Street satisfeito e os executivos felizes.

Embora a visão deste analista seja crítica, eu não compartilho da mesma forma, pois o que ele relata indica que as empresas estão reagindo a três fatores: O excesso de helicópteros, motivando a troca de ações por dívidas; a globalização da mão de obra justificando seu deslocamento para onde o custo é menor; e finalmente o uso de robôs em larga escala. Se os Presidentes das Companhias não se adaptassem ficariam rapidamente fora do jogo.

Hoje meu comentário serão sobre os juros de 10 anos americanos, uma vez que as atenções atuais se focam neste ativo.

Depois de julho e antes do Bernanke anunciar que os helicópteros permanecem, na reunião de setembro, os juros declinaram de 3% a.a para 2,5% a.a. Eu grifei a palavra antes para que percebam que os fatos corroboram o movimento que já tinha começado e não o contrário, assim se bem analisado, o acompanhamento técnico pode antever movimentos.

Depois disso houve uma recuperação parcial e hoje os juros estão na casa dos 2,8% a.a. Minha expectativa, no curto prazo, é de uma nova queda até 2,3% a.a. podendo ser maior, também fica claro que o stop é 3% a.a. Vou complementar a análise com outro indicador técnico associado ao momentum.


A divergência  acontece quando os preços vão num sentido, no caso os juros subindo e o indicador de momentum caindo, é um prenúncio de exaustão.

- David, você quer complicar nossas vidas?
A ideia é que você se familiarize com minhas ferramentas pouco a pouco e perceba que eu não sou adivinho. Quem sabe um dia você me substitua! Hahahah...

O SP500 fechou a 1.804, com alta de 0,50% ( recorde histórico!); o USDBRL a R$ 2,2780, com queda de 1,19%; o EURUSD a 1,3548, com alta de 0,50%; e o ouro a US$ 1.241, sem variação.
Fique ligado!

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