Brasil em estagflação?

Até agora não vi nenhum economista mencionar que o Brasil estaria em estagflação, mas depois da reunião mensal que participo na Rosenberg, meio veio esta ideia. Todos vocês já sabem que não sou economista de formação, só de "palpitação" Hahahah...., mas com tantos anos de janela, será que eu estaria cometendo um erro grosseiro? Vejamos  o que me levou a tal pensamento, a projeção do PIB para os próximos anos estão nos meros " 2 e pouquinhos", e a inflação na casa dos " 5 e muito", como poderia ser classificada nossa economia?

Na reunião de ontem alteramos nossa expectativa para a taxa SELIC, agora esperamos o nível de 11% a.a. no início de 2014. Por que achamos isso? Olhem para o gráfico acima de projeção do IPCA e notem que a meta é para inglês ver, como se diz na gíria, o que a autoridade busca é não ultrapassar a banda superior; 2014 é um ano eleitoral e como a Presidenta não está com essa bola toda, não pode correr o risco de ver a inflação subir no 2º semestre daquele ano; e por último, para que passar de 10% e aguentar toda a repercussão negativa dos Industriais de plantão.

- David, se eu me lembro bem, há um tempo atrás você sugeriu para sair do CDI, virou de ponta?
Mudei, mas deixa eu seguir com meu raciocínio, já que você tocou no assunto, em maio de 2012 publiquei o post surprise, onde sugeri que se abandonasse o CDI, pois o governo queria baixar os juros na marra, veja um parágrafo que extraí...Eu me pergunto, o que acontecerá com a inflação daqui para frente? Considere que não teremos valorização do real, pois o governo está atuando agressivamente; b) Desemprego nos menores níveis históricos, c) Juro real nunca antes testado. Vai cair? Duvido! .... Sem comentários!

O governo percebeu a besteira que fez e está tentando corrigir, os juros estão à 9% a.a., e na Rosenberg acreditamos vai parar nos 11% a.a., back to the future. É o que os agentes projetam como pior cenário, que vai se tornar já, já, o melhor cenário! Hahahahah...


Em termos de investimento, e para fins comparativos, no mercado secundário a LTN de 2017 rende uma taxa de 11,30%, e a NTN-B de mesmo prazo, IPCA + 4,9% a.a., nenhum desses papéis contemplam o cenário de uma SELIC a 11%, assim por enquanto, voltem ao CDI.

Agora voltando ao tema original do post, um estado de estagflação é definido como: ... designa uma situação econômica caracterizada pela ocorrência simultânea de estagnação econômica e inflação persistente...é verdade que nem estamos em recessão, nem a inflação é muito elevada, mas que estamos estagnados nos estamos, então que tal chamarmos de uma pré-estagflação? Fica aí no mínimo meu alerta, pois se o nosso BC fosse macho elevaria os juros até a inflação pedir água.

Não é só no FED que existem discordâncias, na nossa reunião mensal também, ontem a casa estava lotada, entre os participantes haviam economistas juniores, seniores e os super seniores, tanto pela qualificação acadêmica como pela idade! Hahahahah.... E justiça seja feita, a brilhante Thais Marzola, economista chefe do escritório, quase foi expulsa da reunião há alguns meses atrás, quando propôs que a taxa SELIC deveria ser elevada para 11% a.a. Naquele momento ela foi voto vencido, afinal alguns dos participantes odeiam juros altos, deve ser o lado Marxista, reminiscencia do passado! Hahahaha...

Agora quando o assunto foi câmbio, a atenção se volta para mim, afinal fiz alguns calls agressivos no passado, principalmente quando o real estava a R$ 1,55. Imagino que eles pensaram de mim: ...O cara é bom trader mas não entende nada de economia... Ontem senti de novo o ceticismo na sala, quando foi disparada a pergunta:
- David, qual a sua taxa de câmbio para o final do ano.
Eu respondi que não me fixo em datas mas em preços, e minha projeção da queda é de R$ 1,90 a R$ 2,10, como quem acompanha o mosca já sabe.
- David, como você chegou nesse número?
Analise técnica! Os olhares foram de total descrença.
- Como assim, triangulo de baixa, suporte, resistência e etc...
Como convencer estes doutores em economia, que passaram anos a fio estudando fundamentos? Não tenho a menor chance! Mas tudo bem, temos tempo para buscar o track record, que diga-se de passagem tem surtido efeito na Rosenberg no quesito cotação do real, haja visto que, tem ficado consistentemente entre as cinco melhores. Economistas!

O SP500 fechou a 1.690, com alta de 0,71%; o real a R$ 2,2109, com alta de 0,22%; o euro a 1,3554, com queda de 0,46%; e o ouro a US$ 1.309, com queda de 0,52%.
Fique ligado!


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