O Bernanke vai arriscar?

O assunto mais discutido e comentado nos últimos 2 meses é se o FED vai ou não retirar os estímulos que injetou na economia, a palavra em inglês é tapering. Faltam menos de 6 meses para Bernanke sair do cargo que ocupa desde de 2006, e não existe chance do Presidente Obama reconduzi-lo ao cargo, portanto o mesmo ainda vai presidir praticamente três reuniões uma vez que a de janeiro de 2014 será dias antes de sua saída, a primeira em 18/09, a segunda em 30/10 e a terceira em 18/12.

Vejo entre os analistas muito debate sobre qual seria a data do início do tapering, e a maioria das apostas concentram-se entre a reunião de setembro ou outubro, não vi ninguém que acredita que a retirada não vai acontecer proximamente, ou seja é consenso que os helicópteros vão parar, a dúvida é quando.

Outra discussão é quando o FED começa a subir os juros, e as apostas estão entre final de 2014 até início de 2016, a razão desta dispersão é por conta da projeção de taxa de desemprego atingir os famigerados 6,5%. Eu leio estes relatórios e não me convencem, pois os modelos que calculam a taxa de desemprego futura levam em consideração observações do passado, e até agora eles erraram muito.

Basta ver na figura acima  o tempo que está demorando para chegar ao mesmo nível de antes da crise, os motivos podem ser muitos, e nesta semana eu explanei alguns possíveis candidatos. Minha sugestão daqui em diante é acompanhar os dados e compará-los com as previsões, só aí poderemos julgar se o processo será mais rápido ou lento que o previsto. Agora nem pensar num cenário onde o FED seria obrigado a continuar e até aumentar os estímulos, não vamos nem perder tempo com esta ideia.

O pessoal da bolsa de valores tem boas razões em ficar preocupado, pois parece que a correlação entre os helicópteros e a subida do SP500 é grande, basta verificar o gráfico abaixo.


Entretanto, se este gráfico for dividido em dois períodos, antes e depois da crise, a conclusão é completamente diferente, o que me coloca com uma pulga atrás da orelha, em todo caso é isso que o mercado acredita e como dizia um ex-colega, o que importa é o fluxo e não a opinião.

Da mesma forma que o uso dos helicópteros foi um experimento único, a sua retirada também o será, portanto o melhor que temos a fazer é ficar em cima dos gráficos, pois eles levam em consideração o que os investidores que "botam na reta" estão fazendo, que é muito diferente do que um analista ou economista acha, pois como vocês já sabem a minha celebre frase: "Os economistas mudam de opinião como eu mudo de camisa"! Quanto a Ben Shalom Bernanke, e só aguardar o momento de dizer shalom! Hahahahah...

No post muitos-furos-na-boia eu esperava que o dólar fosse buscar os tão esperados R$ 2,35, mas alertei também que o pico poderia ser a R$ 2,325. Por enquanto o máximo recente foi R$ 2,3159 e com os movimentos desde ontem, pode ser, que a queda que eu estava aguardando, já começou. Veja minhas idéias no gráfico abaixo.

Por que estou em dúvida? A razão é que o ponto citado acima como máximo, corresponderia a uma "onda falha" que acontece raramente, então não vou cantar vitoria antecipadamente, é mais prudente. Nos próximos dias vamos saber se foi ou não, e se estiver certo, a cotação de R$ 2,20 tem que ser rompida.

David, eu só vi você achar que o dólar vai cair, dá para explicar os motivos?
Claro,

  • O primeiro é exatamente pelo seu argumento que, se somente o mosca acha isso, é porque todo mundo já está comprado, inclusive a torcida do Manchester United!
  • O BC vendeu o equivalente a US$ 30,0 bilhões desde que começou a pressão, tudo em contratos de derivativos, nenhum dólar no mercado a vista, uma vez que tiveram pouquíssimas saídas.
  • Enquanto for desta forma, e com US$ 380 bilhões de reserva, o BC pode colocar a cotação do real onde quiser.
  • Quem comprou estes dólares foram os investidores estrangeiros na BMF, que detêm posição recorde contra o real, veja a evolução abaixo.

  • E por último o BC está "administrando" a taxa olhando a cotação das outras moedas emergentes que já começaram a mostrar alguma reação que eu publiquei no post competição-e-produtividade,  e atualizado abaixo.

Esta é uma condição muito confortável para nosso BC, pois se o dólar no exterior não sobe mais, estes investidores estrangeiros, ou vão ter que liquidar suas posições por que estavam especulando, ou no vencimento, amargando um prejuízo, não vão rolar.

Ainda é muito cedo para concluir qualquer coisa, pois não existe indicação clara de reversão, mas estes são motivos que poderiam fazer nossa moeda valorizar, e os gráficos, que "não mentem jamais"! Hahahah....

O SP500 fechou a 1.691, com queda de 0,36%; o real a R$ 2,2705, com queda de 0,56%; o euro a 1,3342, com queda de 0,28% e o ouro a US$ 1.312, com alta de 0,11%.
Fique ligado!

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