Competição e Produtividade

Vivemos num mundo com abundância de mão de obra e escasso em matérias-primas, esta situação tende a se agravar no futuro em função do aumento da população, principalmente nos países subdesenvolvidos que por sua vez demandam mais produtos com elevada participação de commodities (agricultura, moradias, e etc..). Este quadro tende a afetar o emprego nos países desenvolvidos, uma vez que a globalização permitiu a terceirização das fábricas e, mais recentemente, também na área de serviços.

Vou começar com o primeiro tema, a competição. A Bloomberg publicou uma reportagem com o médico Indiano, Devi Prased Shetty, que se tornou obcecado em realizar cirurgia cardíacas acessíveis a milhões de Indianos. Ele não é motivado por caridade nem é um médico da saúde pública, tornou-se um empresário, construindo uma cadeia de 21 centros médicos. Usando vários métodos para eliminar custos desnecessários, sem comprometer a qualidade de seus procedimentos, conseguiu cortar os custos de uma cirurgia de ponte de safena à metade do que era há 20 anos.

Até aí está historia nada mais seria do que um caso bem sucedido de negócio, a não ser por dois pontos diferenciais, primeiro por se tratar de serviço na área médica, onde a experiência, se mal sucedida, pode ocasionar mortes de seres humanos; e segundo que, o preço cobrado para tal procedimento é de US$ 1.583, ou o equivalente em reais a R$ 3.640. Eu não sei quanto custaria aqui, mas imagino que este valor não cobre nem os exames necessários, imaginem a internação e médicos, nos USA, segundo este artigo, o custo seria de US$ 106.385, ou seja, o valor na Índia é de 1%!
Um dos preços está muito errado, estamos falando de um serviço com alta qualificação e não de mão de obra básica. Se este médico fizer uma divulgação nos USA, ou melhor, em qualquer outro lugar, a Boeing vai ter que produzir aviões em três turnos. Hahahah.....

O segundo tema é a produtividade, escolhi comentar sobre a Amazon, uma das líderes neste segmento. Todos sabemos o desespero que a equipe econômica americana busca na criação de novas vagas. O Presidente Obama aproveitou o embalo, com o anúncio, que esta empresa estaria criando 5.000 novos empregos e foi ao Tennesse para aparecer em frente as câmeras. O problema é que para cada emprego criado pela Amazon, cinco empregos são destruídos na cadeia varejista.

Vejamos algumas estatísticas comparativas: As vendas no ano passado foram de US$ 60 bilhões, com um crescimento de 28%, enquanto a TJX, uma das maiores distribuidoras com ênfase em preços baixos, faturou US$ 26 bilhões e apresentou num crescimento bem mais modesto de 13%, esta última tem 3.055 lojas, com vendedores, caixas, segurança, propriedades e ficando aberta 10, 12 ou até 24 horas por dia, enquanto a Amazon pode operar em locais distantes dos centros comerciais, com prateleiras de arame e piso de cimento, e podem atender seus consumidores, com apenas uma fração de locais de suas competidoras.


A tabela acima mostra a eficiência que este canal de distribuição adquiriu, basta que se observe o valor de venda por funcionário, mas e os lucros como evoluíram?


Neste gráfico, que apresenta a evolução das vendas e lucros nos últimos cinco anos, você precisa fazer um grande esforço para enxergar as barras em vermelho, a diferenças entre estas barras coloridas se deve ao valor que foi investido, não só nos seus 89.000 funcionários, mas nas suas operações e marketing. Estes dólares entraram na economia através da FedEx, motoristas, pilotos, terceirizações e etc...Ou seja, gastou em Investimentos que espera recuperar no futuro, mas enquanto isso uma nova forma de consumir se enraíza ao redor do mundo, destruindo postos de trabalho e criando outros de uma forma mais eficiente para os consumidores, mas não tão boa para os governantes.

Não precisa ser um grande economista para entender que estas mudanças no emprego, não se combate com juros baixos, não resolve, é o que o economista Joseph Schumpter denominou de destruição criativa, a teoria é muito boa, mas o problema é viver durante este processo, até que um novo equilíbrio se estabeleça, principalmente quando o mundo está abarrotado de dívidas.

A tecnologia permitiu um desenvolvimento sem precedentes na globalização, que teve início nas fábricas e está caminhando para os serviços, combinado com uma população crescente população-mundial-e-uma-ameaça, isto complica muito a condução de políticas econômicas nos países desenvolvidos. A pressão competitiva dos preços de produtos e serviços importados, implicam em salários internos incompatíveis com o seu padrão de vida. Aqui no Brasil, também vale a preocupação, uma vez que a elevação dos preços das commodities nos últimos anos, encobriu esta realidade, mas o dia da verdade já está chegando, basta ver a evolução de nossa balança comercial ultimamente.

Mudando de assunto, resolvi atualizar o painel de acompanhamento das moedas dos países emergentes.


Fiz uma realocação visual, e na linha superior temos o dólar australiano, real e dólar neo-zelandês, parece que depois de uma pequena acomodação em julho, continuam em queda. Na linha inferior, o rand sul-africano, peso mexicano e o dólar canadense, que estão se recuperando, desde então.

Fiquei pensando qual seria a lógica e a única que me parece fazer sentido é que o Brasil e Austrália tem dependência com o que acontece com a China, enquanto a moeda Mexicana e Canadense com o que acontece nos USA. Em todo caso, o movimento que vinha uni sono, está se estratificando.

O SP500 fechou a 1.707, com queda de 0,15%; o real a R$ 2,3020, com alta de 0,66%; o euro a 1,3256, com queda de 0,18% e o ouro a US$ 1.301, com queda de 0,78%.
Fique ligado!

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