Manifestação X Real

Antes de iniciar o assunto de hoje, eu li um artigo sobre o efeito da queda de preços de alguns serviços que vieram a ser oferecidos pela internet no-denying-deflation, complementando o post de ontem.
As mudanças tecnológicas dos últimos tempos tem impacto nos preços dos serviços oferecidos aos consumidores, porém a sua medição nos índices de inflação se tornam difíceis, uma vez que não existiam, porém tem impacto na eficiência, bem como no emprego.

Nos últimos dias o assunto nacional tem sido as manifestações que se iniciaram com a elevação das tarifas de ônibus e foram ganhando outra dimensão. Não pretendo comentar os detalhes, uma vez que os jornais dão plena cobertura sobre o assunto, mas vou focar-me nos possíveis efeitos sobre os ativos brasileiros, e principalmente o real. Hoje eu não tenho muita dúvida que a principal razão é a insatisfação dos brasileiros em três assuntos: corrupção, segurança e impunidade, o ônibus foi o mecanismo de entrada. Ontem houveram manifestações por todo Brasil, e relata-se adesão de 250.000 pessoas.

David, você disse que não iria comentar!
Calma, estou desenvolvendo meu raciocínio. Muito bem, eu acredito que daqui uma semana já estaremos próximos da normalidade, o auge foi na noite da segunda-feira. Os meus motivos para tal "otimismo" são que não houveram grandes incidentes, e isto acalma e por outro lado desmotiva novas investidas, em seguida que não tem nenhuma demanda específica, com exceção do ônibus e por último e muito mais importante, não parece factível que um movimento popular perdure quando a taxa de desemprego está nos níveis de 5%.

David, então você acha que foi uma perda de tempo?
De jeito nenhum! Se o Governo e políticos forem perspicazes vão perceber que receberam um puxão de orelhas, e que os cidadãos não estão mais dispostos a tolerar o que vem acontecendo nos últimos anos, depois que o PT assumiu o poder. Qualquer escorregão daqui em diante pode ter repercussão bem maior. Aconteceu o que em finanças se chama um waking call.

Em relação aos mercados é natural que tudo fique pressionado, a bolsa, os juros e câmbio. Li que alguns analistas acreditam que o BC vai que subir os juros em 0,75% na próxima reunião do COPOM, duvido, não deve acontecer! Já em relação ao real o BC vem intervindo diariamente e as cotações continuam subindo lentamente, mas subindo. Se não fossem as fôrças externas, eu diria que estamos próximos de um momento interessante de compra de ativos brasileiros, pois quando este tipo de assunto vira primeira página de jornal, é provável que esteja no topo.

Amanhã tem reunião do FED e o Ben Bernanke, que já está arrumando as malas, depois da declaração do Obama ontem elogiando seu trabalho, mas que chegou a hora de trocar de comando, deve estar se sentindo um pouco culpado quando anunciou que "o gato subiu no telhado", eu tenho a impressão que ele vai deixar implícito nas sessão de perguntas e respostas que ainda muita água pode rolar antes do FED agir, mas que continuara alerta para novas evidencias, ou seja, vai dar uma amenizada.

Como vocês podem perceber, está difícil de visualizar os próximos passos e o gráfico do real espelha estas dúvidas também, vejamos:

Talvez a primeira vista parece confuso, mas vamos por etapas, fixe inicialmente no movimento 1, onde o real atingiria a cotação ao redor de R$ 2,20, depois uma retração e em seguida uma nova alta. A alternativa 2 seria uma alta um pouco maior ao nível de R$ 2,25, seguida de uma queda. Notem que, caso a trajetória seja esta última, eu não saberia dizer se existirão novas altas, mas este é um assunto que agora teria que combinar com muita gente! Hahahahah.....

Não sou comprador de dólares neste nível, também não dá para comprar reais ainda, apostas contra a tendência, que nitidamente é de alta do dólar, podem machucar muito.

Vi um comentário sui generis: ..." É melhor ter mais professores do que Neymars" ...ou seja, até raiva contra o futebol a população expressou. O Governo virou refém da Copa das Confederações, que pode ser muito bom para acalmar, ou explosivo se o Brasil perder, a sorte é que a final é daqui a duas semanas e até lá espero que esteja tudo mais calmo. Quando a raiva prevalece é preciso de algum culpado, já dizia Nietzsche.

O SP500 estava (*) a 1.652, com alta de 0,85%; o real a R$ 2,1753, com alta de 0,25%; o euro a 1,3405 com alta de 0,28% e o ouro a US$ 1.366, com queda de 1,27%.
Fique ligado!

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