Desafiando o livro texto de economia

Estamos observando o Governo brasileiro tomando uma série de medidas, para não permitir que a economia desacelere. Vejamos, de uma forma resumida, as principais ações:

  1. Câmbio - O BC tem comprado constantemente U$ remanescentes no mercado, almejando uma elevação das cotações, Impôs uma série de impostos para ingressos de recursos, com prazo inferiores a 5 anos, para citar algumas. Estas medidas motivaram os bancos a elevar suas posições compradas em U$, alem de detonar compras por parte de importadores que não tinham cobertura da moeda, e investidores que estavam apostando numa valorização do real.
  2. Juros - Usando a famosa frase "atirou no que viu e acertou no que não viu", começou uma roda de cortes nos juros básicos, com uma argumentação que a situação externa estava muito perigosa. Com o passar do tempo, e por causa de uma desaceleração interna momentânea, continuou neste processo. Fez uma rodada de Haraquiri nos juros dos bancos estatais e "solicitou gentilmente" para os bancos privados fazerem o mesmo.
  3. Impostos - Para evitar mais mortes de indústrias promoveu um "pacote" de cortes de impostos, que deve ter um impacto muito limitado, haja visto a repercussão dos industriais, que consideram o  excesso de regras e condicionantes, muito difícil de ser implementada.
  4. Protecionismo - elevação de impostos de Importação em vários setores, com intuito de proteger a industria local, sendo que o de maior fricção, ocorreu na indústria automobilística.
Quando se mexe tanto assim em tantas áreas, é natural que ocorram buracos por todo lado, e para corrigir vão atirando de todos os lados com mini atos.
Vão funcionar? Se o objetivo final é preservar a Indústria acho pouco provável. Não dá para copiar o que está sendo feito nos países desenvolvidos, onde prevalecem taxas de juros reais negativas com elevado nível de desemprego, aqui o emprego aqui nunca esteve tão baixo e os salários continuam aumentando em termos reais.


Além do mais, o problema de crescimento é específico na indústria, e como não há mão de obra abundante, este setor tem que aumentar os salários de seus funcionários, para não perder para a área de serviços ou commodities.


Em função de tudo isso, o mais provável que aconteça, é que a inflação suba, colocará o BC numa sinuca mais a frente, pois do jeito que as coisas estão andando, e considerando a forma como a economia vem sendo comandada, dentro em breve os juros reais estarão próximos a zero com pleno emprego, querem desafiar o livro texto de economia? 
Se isto acontecer e a inflação se elevar, o BC vai subir os juros ou vai justificar que subiu por causa da inflacão-do-chuchu, frase dita pelo então Ministro das Finanças, Mario Henrique Simonsen. Em meu julgamento já não vivemos mais num regime de metas de inflação, como foi implantado na gestão de Armínio Fraga, é que ganhou tanta credibilidade ao longo dos últimos anos, e sim num retrocesso da Política Monetária dirigida por outros interesses, que não ao da estabilidade da moeda. Triste!

Neste final de semana houve reunião do G20 e nada de importante foi anunciado, porem no comunicado se manifestaram favoráveis as políticas expansionistas implementadas pelos países desenvolvidos, e nenhuma menção à China. Ao Governo Brasileiro, que vem reclamando em alto e bom tom contra o "tsunami monetário", só resta chorar, cada um por si e Deus por todos.

Depois de realizar minha avaliação semanal de ativos fiquei com a sensação que poderemos ter um período mais positivo, mas não é muito claro, não tenho muita convicção, por outro lado não parece que uma catástrofe está batendo na porta. Temos uma posição venida na libra e estou liquidando, mesmo com um pequeno prejuízo, pois a queda que eu estava esperando não se materializou. Em todo caso continua no meu radar para operações futuras.


O SP500 fechou a 1.366 com baixa de 0,84% o real a R$1.8816 com alta de 0,53% o euro a 1.3155 com baixa de 0,50% e a libra a 1.6129 sem alteração.
Fique ligado!





Comentários

  1. Pois é, recapitulando, as máximas da presidente parecem ser: 1.irritar-se; 2.trombar; 3.improvisar; 4.retornar ao item 1. E o problema não é só dela: infelizmente, na cultura brasileira, não existem conceitos essenciais, como estruturar, planejar, enxergar sistemicamente etc. Só existem: apego a detalhes (sem enxergar o todo), pegadinhas, ardis, matreirices etc.

    ResponderExcluir

Postar um comentário